TDAH e diagnóstico de enfermagem
O diagnóstico do TDAH é clínico, baseado em critérios padronizados como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou a Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Não há exames laboratoriais ou de imagem que confirmem o diagnóstico, mas eles podem ser úteis para descartar outras condições médicas que possam causar sintomas semelhantes.
O tratamento do TDAH envolve uma abordagem multidisciplinar, que inclui intervenções psicossociais, farmacológicas e educacionais. O objetivo é reduzir os sintomas, melhorar o desempenho e a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
O enfermeiro tem um papel importante na assistência às crianças e adolescentes com TDAH, tanto na atenção primária quanto na especializada. O enfermeiro pode realizar as seguintes ações:
- Avaliar as necessidades de saúde física e mental dos pacientes com TDAH, utilizando instrumentos padronizados como escalas de avaliação de sintomas, funcionamento e qualidade de vida.
- Identificar os fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento do TDAH, como história familiar, exposição pré-natal a substâncias tóxicas, prematuridade, baixo peso ao nascer, trauma craniano, infecções do sistema nervoso central, entre outros.
- Estabelecer um plano de cuidados individualizado e centrado no paciente e na família, considerando as características clínicas, as preferências e os valores dos envolvidos.
- Implementar intervenções de enfermagem baseadas em evidências científicas, como orientação sobre o transtorno e seu tratamento, educação em saúde, promoção de hábitos saudáveis, adesão terapêutica, monitoramento dos efeitos adversos dos medicamentos, prevenção de complicações e recaídas, apoio emocional e social, entre outras.
- Avaliar os resultados das intervenções de enfermagem, utilizando indicadores sensíveis à prática da enfermagem, como satisfação do paciente e da família, melhora dos sintomas e do funcionamento, redução das comorbidades e dos custos em saúde.
O diagnóstico de enfermagem é um processo sistemático que permite ao enfermeiro identificar os problemas de saúde reais ou potenciais dos pacientes com TDAH. O diagnóstico de enfermagem é composto por três elementos: o título (que descreve o problema), os fatores relacionados (que explicam a causa ou o risco) e as características definidoras (que evidenciam a presença do problema).
A seguir, são apresentados alguns exemplos de diagnósticos de enfermagem que podem ser aplicados aos pacientes com TDAH:
- Déficit de atenção relacionado à disfunção neurobiológica evidenciado por distraibilidade, esquecimento, dificuldade em seguir instruções e completar tarefas.
- Risco de baixa autoestima relacionado à percepção negativa de si mesmo evidenciado por expressões de desvalorização pessoal, culpa ou vergonha.
- Risco de isolamento social relacionado à dificuldade em manter relações interpessoais evidenciado por rejeição ou conflito com pares ou familiares.
- Risco de lesão relacionado à impulsividade evidenciado por comportamentos imprudentes ou agressivos.
- Risco de abuso de substâncias relacionado à busca de alívio dos sintomas ou da angústia evidenciado por uso de álcool, tabaco, drogas ilícitas ou medicamentos sem prescrição.
- O enfermeiro deve elaborar um plano de cuidados que contemple os diagnósticos de enfermagem identificados, definindo os objetivos, as intervenções e os critérios de avaliação. O plano de cuidados deve ser revisado periodicamente, de acordo com a evolução do paciente e a resposta ao tratamento.
Em conclusão, o TDAH é um transtorno complexo e desafiador, que requer uma assistência qualificada e integrada. O enfermeiro pode contribuir para o cuidado dos pacientes com TDAH, utilizando o processo de enfermagem como ferramenta para a avaliação, o diagnóstico, o planejamento, a implementação e a avaliação dos cuidados. O enfermeiro deve estar atualizado sobre as evidências científicas sobre o TDAH e seu manejo, bem como desenvolver habilidades de comunicação, educação e apoio aos pacientes e suas famílias.
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