Após curso, indígenas recebem registro do Conselho Regional de Enfermagem.
Para chegar ao local das aulas, os dois precisaram enfrentar uma verdadeira maratona, com viagens de barco, que duravam até 12 horas, entre a aldeia e Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus), no alto rio Solimões.
O resultado de tanto esforço e superação começou a ser recompensado em outubro deste ano, quando José e Raimundo receberam o certificado de conclusão do “Curso Técnico em Enfermagem”, durante cerimônia realizada no próprio município.
Ao todo, 32 alunos participaram da primeira turma do curso, que é destinado exclusivamente aos povos indígenas e é oferecido desde 2012 pelo Governo do Amazonas, por meio da parceria entre a Secretaria de Estado para os Povos Indigenas (Seind) e o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). A ação é do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
O objetivo é contribuir para o fomento de ações de formação técnica e profissional qualificada no interior do Estado, além de atender às demandas apresentadas pelas próprias comunidades e organizações indígenas dos municípios.
“A proposta é preparar essas pessoas para o mercado de trabalho, gerar ocupação para os mais jovens, oportunizar que os indígenas estejam qualificados para atender as demandas de suas comunidades e afastá-los do envolvimento com bebidas alcoólicas e demais drogas, entre outros problemas”, ressaltou a chefe do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas da Seind (Depi), Rose Meire Barbosa.
Moradores de Belém do Solimões, em Tabatinga, José e Raimundo são apenas dois, dos 13 alunos daquela comunidade indígena a fazer o curso em Tabatinga, nessa primeira turma. Apesar da longa distância entre a aldeia e a sede do Cetam, os indígenas se revezaram em alojamentos cedidos pela Prefeitura de Tabatinga, com o apoio da Seind, para não perder um só dia de aula.
Oportunidade - Atual conselheiro distrital de saúde, desde fevereiro deste ano, José ressalta que a formação dos novos técnicos irá beneficiar não somente os 9,8 mil indígenas que vivem em Belém do Solimões, mas também as 27 comunidades de abrangência, que corresponde a 11,6 mil pessoas.
Atualmente, Belém do Solimões possui três enfermeiros não indígenas, todos funcionários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Segundo José, esse número deverá duplicar em breve, com a contratação de técnicos indígenas.
“A previsão é que sejam contratados três enfermeiros indígenas por ano. A primeira deverá ocorrer em janeiro de 2015, com os nomes indicados pelas lideranças e o próprio Condisi”, informou José Joaquim Tikuna, que tem sete filhos e trabalha na saúde indígena desde 2006.
Mais formatura - Aproximadamente 433 alunos (de 23 municípios) estão em sala de aula em processo de formação nas áreas técnicas que envolvem também os cursos de Análises Clínicas e Saúde Bucal.
Seis turmas estão em fase de conclusão, com perspectiva de formar em 2015, nos municípios de Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Lábrea, Pauini, Santo Antônio do Içá e São Gabriel da Cachoeira.
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Fonte: A Crítica
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