Pesquisador brasileiro cria técnica que reduz efeitos do mal de parkinson.
O exoesqueleto robótico que fará uma criança tetraplégica dar o chute inicial da Copa do Mundo não é o único projeto do brasileiro Miguel Nicolelis. Um novo estudo liderado pelo neurocientista confirmou o potencial uso da estimulação elétrica da medula espinhal como tratamento de longo prazo dos sintomas motores da doença de Parkinson.
O trabalho é uma parceria do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke e de IINNELS. O artigo foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, nesta quinta-feira (23).
A pesquisa apresentou avanços no tratamento do Parkinson com a estimulação elétrica da medula espinhal em roedores. Segundo o artigo, a técnica – em longo prazo – conseguiu reduzir os tremores e danos na locomoção de camundongos com a doença. Além disso, protegeu neurônios cerebrais de uma possível deterioração.
A doença de Parkinson é causada pela perda progressiva de neurônios produtores de dopamina, uma molécula essencial no cérebro responsável por controlar o movimento e o equilíbrio.
A pesquisa de Nicolelis começou em 2009. Na época, a revista Science publicou um artigo sobre a criação de um aparelho de estimulação elétrica para roedores com baixo nível de dopamina, uma das características da doença de Parkinson.
Os experimentos mostraram que os movimentos lentos e rígidos dos animais foram substituídos por comportamentos ativos com o tratamento. A aplicação da técnica em longo prazo teve resultados promissores.
Além dos sintomas, a estimulação foi associada a uma melhor sobrevivência dos neurônios. Os resultados sugerem que o tratamento protege contra a perda ou dano dos neurônios.
Os experimentos já foram feitos em um pequeno número de seres humanos em todo o mundo. No futuro, a terapia pode se tornar uma alternativa ao uso de medicamentos que reduzem os danos da doença, mas que têm efeitos colaterais e que perdem a eficácia ao longo do tempo.
Os pesquisadores continuam a investigar como estimulação da medula espinal funciona. Também começarão a explorar o uso da tecnologia em outras desordens motoras neurológicas.
(*) Fonte: Exame
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