Revertendo a laqueadura
Mudou de idéia sobre ter filhos? Veja como resolver essa situação
Imagine tomar uma decisão que pode mudar o rumo da sua vida, ou melhor, o rumo da vida de toda a sua família. Agora, imagine que sua vida mude de um dia para o outro e que você se arrependa dessa decisão. Muitas vezes não se pode voltar atrás, mas algumas escolhas podem ser refeitas. Felizmente, a medicina já consegue (pelo menos na maioria das vezes) reverter a laqueadura ou ligadura de trompas.
Optar pela esterilização feminina é um passo importante na vida de um casal, e deve ser muito bem pensado para que não haja arrependimento depois. "Quando a decisão da ligadura é tomada após o casal analisar as inúmeras possibilidades, que devem ser apresentadas pelo médico (término da relação, perda ou doença de filho etc.), o arrependimento tende a ser muito pequeno, daí a importância da informação ao casal. Optar por tal método por imposições de ordem financeira, pressão do cônjuge, instabilidade emocional, certamente elevará a taxa de arrependimento", explica o ginecologista e obstetra Luis Fernando Moraes, diretor do Cremerj. Ele lembra ainda que "o casal deve ser orientado sobre os inúmeros métodos anticoncepcionais, e buscar o método que lhe seja mais conveniente".
Foi o que aconteceu com a executiva Joana Lacerda, que recebeu orientação médica para tomar a decisão. "Fiz laqueadura com 32 anos, depois de ter meu segundo filho. Fiz porque estava certa de que não queria ter mais filhos. Até houve uma época, quando me separei, que me sentia arrependida, mas hoje gosto da idéia, afinal, a minha condição financeira não é muito confortável", conta. Ela lembra ainda que achou graça quando o médico pediu para que ela assinasse um termo de responsabilidade: "Foi engraçado quando o médico disse que muitas mulheres que faziam a laqueadura depois voltavam se dizendo arrependidas".
Joana diz que não faria uma reversão, e nem conhece ninguém que tenha feito, mas acha válido para quem ainda quer ter filhos, mas propõe um desafio à medicina. "Acho que teria que ser uma coisa mais simples, e não esse procedimento arriscado como é hoje em dia. A reversão da laqueadura deveria ser como a reversão da vasectomia: rápida e simples", sugere.
A cirurgia de laqueadura está regulamentada pela Lei 9.263 (Lei Sobre Planejamento Familiar), de 1996. De acordo com essa Lei, para poder fazer a laqueadura, a mulher precisa ter mais de 25 anos ou dois filhos. Além disso, ela também precisa de uma reunião de Planejamento Familiar e entrevista com assistente social. A cirurgia também não pode ser feita logo após o parto ou a cesárea, a não ser que a mulher tenha algum problema grave de saúde ou tenha feito várias cesarianas.
Existem, ao todo, dez tipos de laqueadura, entre eles, por videocirurgia ou convencional, por colocação de anéis de plástico, clips de titânio, eletrocoagulação ou fio de sutura convencional. Segundo Moraes, um grande percentual de casos pode ser revertido. "Cerca de 70% deles", diz. "Todas elas são microscópicas e interrompem a passagem dos óvulos pelas trompas de falópio até o útero", acrescenta a ginecologista e obstetra Selma Horowicz Camarov.
Quando é feita a reversão, além dos riscos inerentes a qualquer cirurgia, a paciente corre o risco de uma gravidez tubária. Segundo Dra. Selma, o pior deles. "Como a trompa não é o ambiente adequado para o desenvolvimento de uma gravidez, ela se rompe e forma um quadro de abdome agudo, que provoca dor e hemorragia", informa.
"Apesar disso", afirma a ginecologista, "a laqueadura não altera os hormônios femininos e para as mulheres que desejarem muito ter um filho mesmo depois de ligar as trompas, uma boa opção é a inseminação artificial. Mesmo assim, é bom deixar bem claro que a laqueadura só deve ser feita quando a mulher tiver certeza que não irá querer ter outros filhos."
80% de chances
Fazer a reversão não é garantia de sucesso em uma nova gravidez. É o que dizem Dr. Moraes e Dra. Selma. De acordo com o ginecologista, as mulheres que fazem a cirurgia têm 80% de chances de conseguirem ter um outro bebê. "Os melhores resultados são obtidos por microcirurgia, buscando a recanalização das trompas", diz Dr. Moraes.
Mas é preciso ficar alerta para as contra-indicações à cirurgia de reversão. "Mulheres que possuem qualquer tipo de doença grave, como diabetes, hipertensão arterial, que foram transplantadas e encontram-se imuno-depressivas, ou que tomam corticóides não têm nem porquê fazer a reversão, afinal, não é nem ao menos indicado que elas tenham filhos. Para aquelas que apresentam algum tipo de inflamação, infecção, cisto ou qualquer outro tipo de obstrução nas trompas, a reversão também é contra-indicada. Com relação à idade, não arriscaria dar um limite específica, mas quanto mais a mulher demorar a fazer a cirurgia, maiores podem ser os riscos. Fora isso, a mulher pode fazer a cirurgia, cuja recuperação dura cerca de 30 dias e, depois de seis meses, pelo menos, já pode pensar em ter outro bebê", afirma Dra. Selma.
Para a dona-de-casa Aura Passarotto, essa cirurgia foi mais que importante, foi uma chance de tentar reconstruir uma vida destruída pela violência no trânsito. "Aos 30 anos perdi meu filho de cinco anos em um acidente de carro. O outro motorista avançou o sinal e pegou nosso carro em cheio, matando meu filho na hora. Me senti destruída por dentro, mesmo depois de me recompor da perda, porque tinha ligado as trompas e não podia mais ter filhos", lembra. Aura procurou uma clínica especializada, conversou com o médico, explicou seu problema e a cirurgia foi feita cerca de um mês depois. "Eu sabia que poderia não conseguir engravidar de novo, mesmo depois da operação, mas não tinha nada a perder e resolvi arriscar, com o apoio de toda a minha família", diz.
Felizmente, Aura estava entre os 80% de casos bem-sucedidos de reversão e conseguiu ter mais dois bebês depois do terrível acidente. "Ainda sofro muito quando lembro do filho que perdi, mas ganhei dois novos presentes de Deus", conta, emocionada. Fazer nova laqueadura? Aura garante que não!
Imagine tomar uma decisão que pode mudar o rumo da sua vida, ou melhor, o rumo da vida de toda a sua família. Agora, imagine que sua vida mude de um dia para o outro e que você se arrependa dessa decisão. Muitas vezes não se pode voltar atrás, mas algumas escolhas podem ser refeitas. Felizmente, a medicina já consegue (pelo menos na maioria das vezes) reverter a laqueadura ou ligadura de trompas.
Optar pela esterilização feminina é um passo importante na vida de um casal, e deve ser muito bem pensado para que não haja arrependimento depois. "Quando a decisão da ligadura é tomada após o casal analisar as inúmeras possibilidades, que devem ser apresentadas pelo médico (término da relação, perda ou doença de filho etc.), o arrependimento tende a ser muito pequeno, daí a importância da informação ao casal. Optar por tal método por imposições de ordem financeira, pressão do cônjuge, instabilidade emocional, certamente elevará a taxa de arrependimento", explica o ginecologista e obstetra Luis Fernando Moraes, diretor do Cremerj. Ele lembra ainda que "o casal deve ser orientado sobre os inúmeros métodos anticoncepcionais, e buscar o método que lhe seja mais conveniente".
Foi o que aconteceu com a executiva Joana Lacerda, que recebeu orientação médica para tomar a decisão. "Fiz laqueadura com 32 anos, depois de ter meu segundo filho. Fiz porque estava certa de que não queria ter mais filhos. Até houve uma época, quando me separei, que me sentia arrependida, mas hoje gosto da idéia, afinal, a minha condição financeira não é muito confortável", conta. Ela lembra ainda que achou graça quando o médico pediu para que ela assinasse um termo de responsabilidade: "Foi engraçado quando o médico disse que muitas mulheres que faziam a laqueadura depois voltavam se dizendo arrependidas".
Joana diz que não faria uma reversão, e nem conhece ninguém que tenha feito, mas acha válido para quem ainda quer ter filhos, mas propõe um desafio à medicina. "Acho que teria que ser uma coisa mais simples, e não esse procedimento arriscado como é hoje em dia. A reversão da laqueadura deveria ser como a reversão da vasectomia: rápida e simples", sugere.
A cirurgia de laqueadura está regulamentada pela Lei 9.263 (Lei Sobre Planejamento Familiar), de 1996. De acordo com essa Lei, para poder fazer a laqueadura, a mulher precisa ter mais de 25 anos ou dois filhos. Além disso, ela também precisa de uma reunião de Planejamento Familiar e entrevista com assistente social. A cirurgia também não pode ser feita logo após o parto ou a cesárea, a não ser que a mulher tenha algum problema grave de saúde ou tenha feito várias cesarianas.
Existem, ao todo, dez tipos de laqueadura, entre eles, por videocirurgia ou convencional, por colocação de anéis de plástico, clips de titânio, eletrocoagulação ou fio de sutura convencional. Segundo Moraes, um grande percentual de casos pode ser revertido. "Cerca de 70% deles", diz. "Todas elas são microscópicas e interrompem a passagem dos óvulos pelas trompas de falópio até o útero", acrescenta a ginecologista e obstetra Selma Horowicz Camarov.
Quando é feita a reversão, além dos riscos inerentes a qualquer cirurgia, a paciente corre o risco de uma gravidez tubária. Segundo Dra. Selma, o pior deles. "Como a trompa não é o ambiente adequado para o desenvolvimento de uma gravidez, ela se rompe e forma um quadro de abdome agudo, que provoca dor e hemorragia", informa.
"Apesar disso", afirma a ginecologista, "a laqueadura não altera os hormônios femininos e para as mulheres que desejarem muito ter um filho mesmo depois de ligar as trompas, uma boa opção é a inseminação artificial. Mesmo assim, é bom deixar bem claro que a laqueadura só deve ser feita quando a mulher tiver certeza que não irá querer ter outros filhos."
80% de chances
Fazer a reversão não é garantia de sucesso em uma nova gravidez. É o que dizem Dr. Moraes e Dra. Selma. De acordo com o ginecologista, as mulheres que fazem a cirurgia têm 80% de chances de conseguirem ter um outro bebê. "Os melhores resultados são obtidos por microcirurgia, buscando a recanalização das trompas", diz Dr. Moraes.
Mas é preciso ficar alerta para as contra-indicações à cirurgia de reversão. "Mulheres que possuem qualquer tipo de doença grave, como diabetes, hipertensão arterial, que foram transplantadas e encontram-se imuno-depressivas, ou que tomam corticóides não têm nem porquê fazer a reversão, afinal, não é nem ao menos indicado que elas tenham filhos. Para aquelas que apresentam algum tipo de inflamação, infecção, cisto ou qualquer outro tipo de obstrução nas trompas, a reversão também é contra-indicada. Com relação à idade, não arriscaria dar um limite específica, mas quanto mais a mulher demorar a fazer a cirurgia, maiores podem ser os riscos. Fora isso, a mulher pode fazer a cirurgia, cuja recuperação dura cerca de 30 dias e, depois de seis meses, pelo menos, já pode pensar em ter outro bebê", afirma Dra. Selma.
Para a dona-de-casa Aura Passarotto, essa cirurgia foi mais que importante, foi uma chance de tentar reconstruir uma vida destruída pela violência no trânsito. "Aos 30 anos perdi meu filho de cinco anos em um acidente de carro. O outro motorista avançou o sinal e pegou nosso carro em cheio, matando meu filho na hora. Me senti destruída por dentro, mesmo depois de me recompor da perda, porque tinha ligado as trompas e não podia mais ter filhos", lembra. Aura procurou uma clínica especializada, conversou com o médico, explicou seu problema e a cirurgia foi feita cerca de um mês depois. "Eu sabia que poderia não conseguir engravidar de novo, mesmo depois da operação, mas não tinha nada a perder e resolvi arriscar, com o apoio de toda a minha família", diz.
Felizmente, Aura estava entre os 80% de casos bem-sucedidos de reversão e conseguiu ter mais dois bebês depois do terrível acidente. "Ainda sofro muito quando lembro do filho que perdi, mas ganhei dois novos presentes de Deus", conta, emocionada. Fazer nova laqueadura? Aura garante que não!
Fonte: Bolsa de mulher - Por Cynthia Magnani
Comentários
obrigada
obrigada
Será que fazendo a reversão consigo engravidar com uma trompa só??
Sou do rio de janeiro e aqui não acho esse tipo de cirurgia na rede pública então alguém pode me ajudar??
Desde já agradeço.
Meu email: nanaino@hotmail.com.br.com. br
Tive dois filhos e fiz ligadura fe trompas.. não sei o método que usou.pous fiz pelo SUS.
Eu tenho 36 anos sou ligada há 18 anos queria saber se tenho como fazer a reversão.perdi minha filha mas velha ,e gostaria de ter outro filho .